quarta-feira, 22 de junho de 2011

Casa Branca defende 'complicada' cooperação com o Paquistão


Na Casa Branca, a relação bilateral também é percebida como "complicada", mas "extremamente importante". Para o porta-voz Jay Carney, a colaboração do Paquistão é "vital e essencial em nossa guerra contra os terroristas e o terrorismo".

21 de Junho de 2011
France Presse


WASHINGTON, EUA, 17 Jun 2011 (AFP) -Uma onda de críticas recai sobre o Paquistão, desde as acusações de jogo duplo na luta antiterrorista à ingratidão, apesar dos bilhões de dólares de ajuda americana, mas o governo de Barack Obama pretende prosseguir com esta "complicada" cooperação com os paquistaneses.

A morte de Osama Bin Laden, que se manteve refugiado durante seis anos em uma cidade a apenas 100 km ao norte da capital paquistanesa, foi a gota d'água numa série de incidentes ocorridos desde o início do ano, que deixaram em estado lastimável a relação entre os dois países.
As fortes críticas sobre a ação do Paquistão, aliado de Washington há várias décadas, se transformam, agora, em acusação aberta, segundo diversos analistas e observadores.
"A suspeita mútua e a falta de cooperação se cristalizaram" após a morte do chefe da Al-Qaeda, resume a presidente da comissão de informação do Senado, Dianne Feinstein.
Vários parlamentares querem cortar qualquer assistência ao Paquistão, que recebeu 21 bilhões de dólares de ajuda americana desde 2001, 14 bilhões dos quais estavam destinados à segurança, segundo um informe do serviço de investigação do Congresso (CRS).
Além disso, acusam Islamabad de proteger certas redes extremistas que alimentam a insurreição no Afeganistão.
Humilhado pela operação do comando especial americano em seu próprio território, o exército paquistanês ordenou "uma redução muito importate" dos integrantes de instrução militar americanos presentes no Paquistão, reconheceu o militar americano de mais alta patente, o almirante Mike Mullen.
O serviço secreto do Paquistão (ISI) deteve, por sua vez, cinco informantes paquistaneses que ajudaram a CIA antes da operação contra Bin Laden, segundo o The New York Times.
Mas o governo americano quer manter a cabeça fria. "A longa história da relação americana paquistanesa teve seus altos e baixos", relativizou na quinta-feira o secretário de Defesa, Robert Gates, durante uma coletiva de imprensa.
"É uma relação na qual as duas partes devem trabalhar. E é complicado", reconheceu.
Os dois países precisam um do outro, segundo suas estimativas. Não apenas pela situação no Afeganistão, onde o Paquistão mobiliza 140 mil homens ao longo da fronteira, mas porque o Paquistão, uma potência nuclear, é um ator importante para a estabilidade regional.
"A chave é conservar as linhas de comunicação abertas entre nossos governos e continuar nos comunicando uns com os outros tão abertamente e honestamente quanto o possível", assegurou Gates.
Na quinta-feira, diante do Senado, o secretário de Defesa havia se mostrado muito cínico. "Após 27 anos na CIA e quatro anos e meio neste posto, diria que a imensa maioria dos governos mentem uns para os outros. E é assim que isto funciona", acrescentou, sem citar especificamente o Paquistão.
O almirante Mullen, por sua vez, que reivindicou sua proximidade com o general paquistanês Ashfaq Kayani, chefe do Exército e homem forte de Islamabad, foi mais tranquilizador em suas declarações. Assegurou que após o episódio de Bin Laden, o exército paquistanês faz uma "introspecção" e que será necessário "deixar um pouco de tempo e um pouco de espaço", mas que "haverá ocasiões para que as relações melhorem".
O mesmo discurso foi lançado no departamento de Estado, onde se fala de uma relação "forte" entre os dois países, apesar das "dificuldades".
Na Casa Branca, a relação bilateral também é percebida como "complicada", mas "extremamente importante". Para o porta-voz Jay Carney, a colaboração do Paquistão é "vital e essencial em nossa guerra contra os terroristas e o terrorismo".

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